O Bom Ditador I

Primeira parte da trilogia, que vendeu mais de 10 mil exemplares, traduzido a vários idiomas e galardoada em Garroman, Espanha, como melhor romance independente em 2017.
A segunda parte já está disponível, enquanto a primeira estará, permanentemente, gratuita, em formato digital.
Sinopse:
Gustavo, um informático de quase 40 anos com um trabalho estável e rotineiro, partilha um casamento desgastado com uma mulher que já não ama, enquanto fantasia em ter relações extramatrimoniais.
Porém, um acontecimento insólito espalha o medo na sociedade e dá um pouco de emoção à sua vida. Ele fica obcecado com a possibilidade de uma catástrofe, gasta uma fortuna numa lista de sobrevivência o que faz com que até a sua própria família o considere louco.
Excerto:
Gustavo voltou a rir, olhou para baixo com um ar divertido e viu o enorme ódio que emanava do gordo.
- Sabes porquê estamos nestas posições? Tu de joelhos e eu de pé vendo a tua aldeia em chamas? Porque tu és o mais fraco.
Sabes, Gordo, no mundo animal os que melhor se adaptam às condições do meio ambiente são os que sobrevivem, e aqui entre nós os dois, temos o melhor exemplo disso. Tu, que ainda pensas que és o comandante da GNR e que virá alguém do passado fazer-me pagar pela minha atitude. Eu adaptei-me rapidamente à nova realidade: logo após a nave estacionar na Lua, eu fiz uma lista de coisas indispensáveis, gastei uma fortuna nessa lista, assaltei uma farmácia e fui considerado de louco pela minha família, mas quando se deu o ataque o louco era o mais bem adaptado ao meio. E, deixa que te diga: eu ansiava este ataque; estava farto de viver a minha vida cómoda e cinzenta detrás do computador. Tu és o culpado disto. – Gustavo apontava para a aldeia, que, desde aquela colina, se ouvia algum burburinho, tiros e notava-se com claridade alguns focos de incêndio dentro da aldeia e nos campos à volta desta. – O teu orgulho e a tua tentativa de manter o teu status fez que chegássemos a este ponto. Se tivesses sabido ler os novos ventos, tinhas compreendido que o único caminho era juntares-te a nós e certamente estarias com algum cargo importante na comissão de Malpica ou até como oficial no meu exército, mas a tua falta de visão fez com que a tua própria aldeia pagasse com isso. De qualquer maneira, parece-me que é melhor que gente como tu não tenha lugar nesta nova sociedade, para assim não poder contamina-la. Tu sempre te aproveitaste da tua posição para trazer benefícios para casa, perdoar multas, receber luvas e prendas e certamente que farias o mesmo nesta nova sociedade se tivesses a oportunidade. Mas acredita, gente como tu, corruptos que se aproveitam da sua posição política ou profissional para encherem os bolsos terão os dias contados. Para eles, haverá uma pena dura, trabalhos forçados na prisão juntos com assassinos, ladrões e restante escumalha. As prisões no Império Serrano serão um lugar onde haverá uma média de trabalho de doze horas por dia e se saíres da prisão e cometeres algum outro crime, já não terás uma segunda oportunidade.
- No futuro, Gustavo, tu serás lembrado como um ditador louco e assassino. – O ex-comandante falava já sem qualquer fúria ou ódio, já tinha assumido o seu cruel destino e o seu olhar estava sereno e perdido em direção à sua aldeia. Gustavo também olhava para Malpica como se assistisse a uma peça de teatro gigante e sem desviar o olhar continuou:
Gonçalo JN Dias nasceu em Lisboa, em 1977, é licenciado em Eng. do Ambiente e Recursos Naturais, atualmente vive no País Basco, Espanha.
A primeira parte do Bom Ditador foi o seu debut como romancista. É um autor independente, os seus livros têm sido traduzidos a vários idiomas.
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